quinta-feira, 2 de abril de 2015

Uma chamada ao desenvolvimento do Assentamento Oziel Alves III

Atividades realizadas:
A equipe da EMATER/Pipiripau recebeu a missão de executar as atividades (metas) previstas para o Lote 11 da Chamada Pública INCRA/SR-28/DFE Nº 2/2014. O Lote 11 é representado pelas famílias do assentamento Oziel Alves III. O assentamento situa-se na região administrativa de Planaltina-DF, distante cerca de 65 km do Plano Piloto, às margens da BR 020. Possui área total de 2303, 27 ha, com 523,33 ha de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente, e são 168 lotes individuais de 7,5 ha.  A população é de aproximadamente 450 pessoas. 
No ano de 2014, foram realizadas um grande número de visitas técnicas individuais, com o objetivo de realizar um diagnóstico da unidade de produção familiar (UPF) e auxiliar o planejamento produtivo de cada família.
Foram realizadas 2 oficinas, uma para planejamento das ações de ATER e outra de monitoramento das ações. Ambas com participação massiva do assentamento, com mais de 100 assentados por oficina. No decorrer do ano, alcançamos a marca de 10 reuniões técnicas cumpridas. Os temas abordados foram diversos, a citar: Correção da acidez do solo, alternativas ao uso do fogo na agricultura, saúde da mulher, técnicas para o plantio de milho e feijão, outorga do uso da água, programa de aquisição de alimento, práticas agroecológicas e manejo sanitário de aves. Ao todo, foram realizados 6 cursos. Capacitamos os produtores assentados em criação de galinha caipira e peixe, no cultivo de hortaliças, no manejo racional de agrotóxico, no uso conservativo da água em sistemas de irrigação e ainda em assuntos relacionados ao cooperativismo e associativismo. 
 


Concluímos 2 dias de campo: Montagem de kits de irrigação por gotejamento e produção do maracujá BRS Pérola do cerrado. Ambos com mais de 50 participantes. Foram executadas excursões onde levamos 92 produtores à feira Internacional dos Cerrados – Agrobrasília 2014 e 46 (quarenta e seis) assentados aos 3 dias do Seminário de Agroecologia do DF e entorno.

 



Acreditamos que o crédito rural é uma forma de trazer desenvolvimento à região agrícola e, apostando nessa máxima, viabilizamos 20 projetos de crédito na linha PROSPERA, totalizando R$ 138.138,02 contratados em projetos de custeio e investimento. Na linha de crédito rural FDR, contratados R$ 153.000,00 ao total, representados pelo financiamento de um caminhão baú de R$ 132.000,00 e um microtrator de R$ 21.000,00. Espera-se ainda a liberação de R$ 348.800,00 referentes aos 109 projetos Fomento Mulher elaborados por esta unidade. 
O assentamento recebeu 25 kits de irrigação e foi contemplado com a escavação de mais de 40 reservatórios de água. Reservatórios que foram pensados inicialmente para uso na irrigação e que recentemente fomentam a atividade de piscicultura, uma vez que é possível criar de 500 a 1000 peixes por reservatório.





Os assentados preencheram 50 requerimentos de outorga de direito de uso da água e buscam a conformidade ambiental de suas atividades através de mais de 40 requerimentos de declaração de conformidade da atividade agropecuária (DCAA) junto a Secretaria de agricultura.

Resultados alcançados:
Apresentar a execução da chamada pública no assentamento Oziel Alves III através de números é uma forma de mensurar a conclusão das metas/atividades previstas. Porém torna-se mais significativo para esta unidade os aspectos imensuráveis, em especial o notório desenvolvimento do assentamento, evidenciados em bons exemplos de produtores rurais.
A produtora Edilúcia Rodrigues, investiu o fomento oriundo do Programa Brasil Sem Miséria no plantio de maracujá, batata-doce, pimenta e mandioca. Ela relata que conseguiu triplicar o dinheiro investido, o que viabilizou a construção de sua casa de alvenaria, já que morava em um barraco de lona. A produtora foi inclusive tema de reportagens para o Canal NBR e o programa a Voz do Brasil. 


O jovem Assis do Rosário abriu mão do trabalho na cidade e veio trabalhar na propriedade da sua mãe, Lindaura Maria, em busca de independência financeira e qualidade de vida. O jovem foi um dos contemplados do PROSPERA, financiando inicialmente 0,5 ha de chuchu. Hoje, além do chuchu, tem-se plantados 0,5 ha de abóbora Itália, 2 ha de mandioca, 0,1 ha de pimenta de cheiro e 0,1 ha de pimentão. O jovem Assis tornou-se cooperado na Cootaquara e também comercializa sua produção em feiras de Planaltina. Os planos são de aumentar área de produção.




O produtor Gilberto Ribeiro tem sua propriedade de 7,5 ha completamente cultivada. Já plantou abóbora, cenoura, feijão-verde, maxixe, tomate, pimentão, repolho e jiló. A sua grande aposta para esse ano é o plantio do maracujá. Este já ocupa 3 ha da sua chácara, com 7500 pés. O caminhão baú, financiado pelo FDR, é utilizado para levar sua produção agrícola às feiras de Planaltina, Formosa e ao CEASA, onde conseguimos uma pedra para o mesmo.


Um projeto especial é desenvolvido no Oziel Alves III pela produtora Francisca Inês. Através de uma indicação do escritório local, a produtora recebeu um projeto de práticas agroecológicas em sua propriedade financiado por uma ONG. A chácara hoje se configura como uma unidade demonstrativa e possui uma área de agrofloresta, espaços de adubação verde, plantios em consórcio, composteira, pastos rotacionados e plantio do novo cultivar de maracujá Pérola do Cerrado. 
 

São estes apenas alguns exemplos de sucesso no assentamento. Outros tantos poderiam ser descritos como exemplos de desenvolvimento sustentável, inclusão produtiva, aumento de renda, segurança alimentar, empreendedorismo e bem-estar social.

Capacidade de replicação em outras unidades:
Uma chamada pública definida em metas torna-se um desafio, pois necessita de muito planejamento, metodologias certas e maleabilidade na execução.
É preciso entender primeiramente o real interesse do Assentamento. E em uma conversa franca com os assentados podemos identificar suas aptidões agrícolas e pecuárias, áreas produtivas de interesse, assuntos de bem-estar social e outros. Após esse levantamento, cabe a unidade planejar suas ações, estruturar um cronograma, buscar parcerias e promover o diálogo entre órgão públicos.
Esse trabalho de identificação de interesses e organização na execução de atividades deve ser adotado por todas as unidades como modelo para o desenvolvimento de assentamentos. Certamente tornará o serviço de ATER mais fácil e de melhor qualidade.

 Envolvimento da equipe:
A equipe que trabalha diretamente na chamada pública é reduzida, composta por Vera Oni (técnica em economia doméstica), Maximiliano Tadeu (zootecnista), Felipe Camargo (engenheiro agrônomo) e Maria das Dores (assistente administrativo). Contudo, toda a unidade EMATER/Pipiripau se envolveu na realização das metas, assim contamos com a ajuda primordial do gerente do escritório, Geraldo Magela (técnico em agropecuária), e do colega Arnaldo Augusto (engenheiro agrônomo).
A equipe Pipiripau se comprometeu ao máximo para o sucesso das atividades previstas na chamada. Cada atividade era minuciosamente planejada atendendo às necessidades do assentamento e de forma a desenvolver um trabalho multidisciplinar. Na execução, primava-se pelo serviço de qualidade, mesmo com empecilhos diversos. A avaliação do esforço no cumprimento das metas é satisfatória, mas podemos aprimorar detalhes.