A estrutura familiar bem organizada e consciente vai alavancar a produção agrícola no Brasil. É nisso que acredita o técnico em agropecuária e biólogo Luciano Monteiro, presidente da Cooperativa Agropecuária Regional de Palmeira dos Índios/AL (Carpil) e secretário de Agricultura e Desenvolvimento Agrário do município. Luciano participou da terceira edição da AgroBrasília, entre os dias 11 e 15 deste mês, com a palestra “Como ganhar dinheiro na agricultura familiar” — uma das mais concorridas da feira. Há 14 anos à frente da Carpil, Luciano tem desenvolvido um trabalho incansável no sentido de organizar o empreendedor familiar em cooperativas, sindicatos e associações. O resultado pode ser avaliado não só no estado como em outros locais do país onde ele tem dado palestras e difundido suas ideias. Com pós-graduação em gestão cooperativa e desenvolvimento regional sustentável, Luciano percebeu, na década de 1990, a dificuldade que o homem do campo do Nordeste tinha de se desenvolver e aumentar sua produção e renda. “A agricultura na região era basicamente de subsistência. Havia uma falsa ideia de que as iniciativas que davam certo no Sul e Sudeste não funcionariam aqui”, observa. Em 1997, após assumir a direção da Carpil, ele organizou uma visita ao Paraná, onde teve os primeiros contatos com as ideias e projetos de fortalecimento da agricultura familiar. “Começamos a perceber que com famílias organizadas, a propriedade fica arrumada, fica tudo mais bonito, as pessoas têm prazer de entrar na casa do agricultor e, acima de tudo, ele tem um ganho significativo de renda”, aponta. Resultados — Com isso em mente, Luciano Monteiro voltou a Alagoas e montou toda uma estratégia de organização familiar. Os resultados começaram a aparecer. “Antigamente, o pequeno produtor de Palmeira dos Índios se contentava em recolher quatro ou cinco litros de leite por dia. Hoje, ninguém ordenha menos de 30 litros”, exemplifica. Além disso, 90% da mandioca produzida na região era queimada; atualmente, os produtores locais utilizam o que sobra para fazer farinha e ração para bovinos. A região se destaca pela criação de gado leiteiro. “Antes, a cultura nordestina era mandar os filhos para o Sul do país, porque não tínhamos estrutura. Agora o panorama começou a mudar”. Luciano cita diversos projetos no Brasil que têm criado corpo graças ao envolvimento das famílias de agricultores no processo de produção. “Em Brasília, temos o exemplo da Fazenda Larga, na região do Pipiripau (em Planaltina); Piauí, Ceará, Bahia, Alagoas e diversos outros estados têm desenvolvido projetos de sucesso, que estão mudando a vida das pessoas e tirando essas regiões do atraso”, aponta. Importância econômica — Luciano Monteiro, que participou das três edições da AgroBrasília, além de duas da Hortibrasília e uma da PecBrasília, observa que a importância da organização familiar não é apenas social, mas também econômica. “Hoje, o mercado não quer produto, e sim mercadoria. O agricultor precisa entender que é necessário agregar valor ao que ele produz”, explica. Para o técnico em agropecuária, a criação de políticas públicas voltadas para a extensão rural e o desenvolvimento do campo foi um ganho significativo para a agricultura familiar. “A efetivação do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e o seu desmembramento foi uma sinalização muito positiva para a família rural. Acredito que o Pronaf Agroindústria, por exemplo, fará uma revolução no setor”, conclui.
Rinaldo Costa — Assessoria de Comunicação EMATER-DF
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